Dia da Marinha – Ordem do Dia do Comandante da Marinha

O editor com o comandante da Marinha do Brasil

Dia da Marinha – Ordem do Dia do Comandante da Marinha

Nações prósperas e soberanas desvelaram, no MAR, trajetória para pujança econômica e proeminência na ordem internacional. Sob extensas áreas marítimas, estabeleceram rotas comerciais; expandiram suas influências para além das fronteiras terrestres; e traçaram o destino da humanidade.

O Estado brasileiro, resultado de disputa pelo domínio do mar e hegemonia entre os Reinos de Portugal e Espanha, entrelaça-se de maneira indissociável a esse contexto. Na cronologia marítima do País, contemplada por épicos eventos históricos e contendas navais, o ambiente marítimo destaca-se como elemento vital na formação do território e da identidade nacional.

Em 11 de junho de 1865, defronte a foz do Riachuelo, as águas do Rio Paraná testemunharam os valores de intrépidos “Marinheiros”. Irmanados por profundo senso de lealdade à Pátria e inspirados pelo sinal “Sustentar o fogo que a vitória é nossa!”, triunfaram sobre o que erigiu como o mais desafiador embate naval da história da Nação. Episódio que ratificou a conexão inexorável do desempenho e capacitação da Força com o futuro da “Pátria amada”.

Os atos pretéritos transcendem a grandiosidade dessa Data Magna. Assentam-se, mormente, como alicerces de uma singradura marcada por imponderável bravura de heróis nacionais, cujo legado, perene e inspirador, ressoará por gerações de Marinheiros, Fuzileiros Navais e Servidores Civis.

O MAR é nossa origem; navegar, nossa vocação”. Da aurora do descobrimento; da abertura dos portos para o desenvolvimento comercial; do brado retumbante, nas margens plácidas do Ipiranga; da peleja ao fragor da metralha, pela consolidação dos limites fronteiriços; o Estado, em sua vastidão geográfica, acolhe as águas jurisdicionais como quinhão de sua essência.

Nessa esteira, fundamental apontar que o Brasil é inviável sem o uso do MAR. Como prova inequívoca, duas das principais fontes de riquezas nacionais estão ligadas às vias marítimas: 90% da produção agropecuária nacional e 95% do comércio exterior escoam por hidrovias e mar. Detentor de mais de 400 municípios banhados por águas interiores e pelo Oceano Atlântico, o País abriga mais de 20 milhões de brasileiros dedicados às atividades marítimas, o que representa 25% dos empregos. Evidencia-se, portanto, a opulência de uma Nação inclinada às “Coisas do MAR”.

Ao detentor de riquezas, pressupõe-se a proteção intransigente de seus interesses. Uma acanhada mentalidade de defesa, aliada à baixa percepção de ameaças por parte da sociedade, impõe evocar assertiva do Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira: “Nenhum Estado pode ser pacífico sem ser forte”; menção que permanece veraz. À luz das lições que emanam da memorável Batalha Naval do Riachuelo, avulta relevância o correto estabelecimento de uma Estratégia de Defesa Marítima, que oriente o dimensionamento de uma Força Naval alinhada com os anseios e divícias do Estado. A visão de futuro da Instituição de dispor de uma Marinha moderna, aprestada e motivada coaduna com a imperiosa exigência de adaptabilidade e eficiência operacional.

Destarte, erguem-se os Programas Estratégicos da Marinha do Brasil. A entrega ao Setor Operativo do Submarino “Humaitá” e o lançamento do Submarino “Tonelero”, terceiro da Classe, atestam o avanço e a eficácia do Programa de Desenvolvimento de Submarinos. Ademais, o Programa Nuclear da Marinha permitirá, em futuro breve, dotar o País de significativa capacidade militar dissuasória, por meio do Primeiro Submarino com Propulsão Nuclear, precípuo ativo de defesa e irrenunciável.

De igual modo, o batimento da quilha da Fragata “Jerônimo de Albuquerque” e o iminente lançamento da Fragata “Tamandaré”, somados à aprovação do Programa de Obtenção de NaviosPatrulha (PRONAPA), configuram portentoso marco na modernização e robustecimento das capacidades navais, com o fito de estabelecer uma Força vultosa, compatível com a estatura político-estratégica do Brasil.

Nesse cenário de aprimoramento continuado, encontra-se o Programa de Obtenção de Meios Hidroceanográficos (PROHIDRO), que prevê a incorporação, em 2025, do Navio Polar “Almirante Saldanha”. Primeiro meio naval construído no Brasil com capacidade diferenciada para operar no Continente Austral, que ampliará o suporte logístico à Estação Antártica Comandante Ferraz e proverá a manutenção das atividades de pesquisas científicas naquela importante parcela do entorno estratégico brasileiro.

Breve retrospectiva não abarca integralmente os feitos da Instituição. A Marinha busca, incessantemente, pela potencialização das capacidades de defesa do País, resultando em arrasto tecnológico disruptivo. Sem embargo, para consecução de seus Programas Estratégicos, torna-se inescusável uma previsibilidade orçamentária e financeira que assegure investimentos contínuos para modernização e expansão da Força. Para além de aparelhar-se de tecnologias desenvolvidas na fronteira do conhecimento, implicam, peremptoriamente, na geração de milhares de empregos diretos e indiretos, com vantagens concretas para a sociedade; e contribui, sobretudo, para garantir futuro próspero e digno ao Brasil e ao seu povo.

Não obstante, uma Força Naval aparelhada é inócua sem a presença dos valores peculiares aos “Homens do MAR”. Sob auspícios de heroísmo do Almirante Barroso, do Guarda-Marinha Greenhalgh e do Imperial Marinheiro Marcílio Dias, que enfrentaram os desafios com tenacidade e coragem, exorto “Marinheiros e Fuzileiros”, de ofício ou afeição, a seguirem seus exemplos. Honrar o passado e perpetuar os preceitos morais de egrégios combatentes é rogar por uma Pátria livre,soberana e indivisível.

A Marinha do Brasil, imbuída de espírito de sacrifício e abnegação, mantém-se pronta para acudir às necessidades do País e da sociedade. Reafirmo o empenho da Instituição frente às vicissitudes do porvir. A Força permanece em venturosa navegação, comprometida com um futuro promissor, onde as Águas Jurisdicionais Brasileiras perduram como símbolo de prosperidade e destino da Nação.

Por derradeiro, manifesto os cumprimentos aos promovidos. Concito-os a manterem a disponibilidade, abnegação e crença na Força Naval, cujos valores e princípios, forjados na bravura daqueles que pelejaram e tombaram em Riachuelo, propiciarão à Marinha a continuidade de nobre e honrosa missão.

… Marinheiros, avante, vencer ou então morrer
O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever.

Tudo pela Pátria e pela “Invicta Marinha de Tamandaré”!

MARCOS SAMPAIO OLSEN
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha

Fonte: ACS/MB

Por: (LCN) Luís Celso News

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