Como o preço da arroba do boi está alavancando o mercado de terras no Brasil

Segundo especialistas, produtores rurais aproveitam o momento de alta do preço do gado para diversificar atividades e aumentar lucros

Como o preço da arroba do boi está alavancando o mercado de terras no Brasil

A alta histórica no valor da arroba do boi, observada durante o segundo semestre de 2024, está movimentando o mercado de terras, com o aumento na procura de fazendas de pecuária, principalmente por meio de arrendamento. De acordo com o Chaozão, portal especializado em anúncios de imóveis rurais, muitos produtores têm buscado fazendas para arrendamento de pecuária, aproveitando o bom preço do mercado da carne. Dos arrendamentos anunciados em todo o Brasil, 18% são específicos para pecuária e outros 20% são de dupla aptidão, com uso também para pecuária.

O aumento na procura de fazendas para arrendamento, segundo especialistas do mercado, se justifica principalmente pela necessidade de terminação dos animais para abate e a reposição de plantel.

No lugar dos animais abatidos, outros são repostos em outras fases de desenvolvimento, que serão engordados para futuramente serem também abatidos. Esse é o ciclo da pecuária que dura em média de 4 a 5 anos, com variações do preço da arroba e da demanda interna e global, devido à disponibilidade de animais para abate. O que precede a alta da arroba é a falta de matrizes para cria, com o aumento do abate das mesmas, por falta de outros animais ou por renovação de plantel.

“A recente e severa seca prejudicou a qualidade e disponibilidade de forrageira (pastagem) e, consequentemente, freou a terminação dos animais para abate. O pasto ficou rapado e as aguadas secaram, prejudicando o ganho de peso dos animais e aumentando os custos de produção, devido a busca por outras opções nutricionais. Alguns pecuaristas precisaram ou precisam tirar o gado do pasto da fazenda para recuperar a pastagem e levar o gado para onde tem pasto bom. Uma saída oportuna para aproveitar a alta da arroba é arrendar áreas com pastagem adequada e conseguir fazer a terminação dos animais para abate, garantindo lucro maior”, explica Renata Apolinário, engenheira agrônoma e Diretora operacional do Chaozão.

O retorno dos “sojistas” para a pecuária, segundo Renata Apolinário, também merece destaque, já que o preço menos atrativo do grão da soja está provocando um movimento de retomada entre muitos produtores que, agora, enxergam na agropecuária uma estratégia de diversificação das atividades, apostando na crescente do mercado da carne.

Arrendatários buscam maximizar o rebanho

Muitos produtores que atuam apenas com arrendamento diminuíram os bois por conta do preço da arroba, quando ela estava em baixa. Agora, estão voltando para o segmento, com a melhora do preço, aumentando o rebanho. Analistas do setor levantam a bandeira de atenção do pecuarista para um bom planejamento, dentro dos ciclos na pecuária nacional, pois junto com a alta da arroba, os custos de produção também aumentaram.

“As ações de recria de animais destinados ao confinamento e de animais em terminação para abate fazem parte de um planejamento estratégico do pecuarista e devem ser feitas antes da crise de animais no mercado. Agora passa a ser uma ação imediatista, que pode não ser tão lucrativa, já que um bezerro passou de R$ 1.800,00 para R$ 2.400,00 a R$ 2.800,00”, destaca Manoel Assis de Freitas, consultor de pecuária. A análise considera o valor base do Vale do Araguaia (GO).

O pecuarista de boi a pasto que busca por terras para arrendamento também deve ficar atento à qualidade do capim que compõe essas áreas. “Após 6 meses de seca, as altas temperaturas e a morte súbita do capim provocaram uma escassez de áreas com pasto de boa qualidade, por isso é importante selecionar áreas em que o capim esteja bem formado e, principalmente, seja uma espécie facilmente manejável. Não observar estes pontos pode acabar onerando os custos de produção”, aponta Ludmilla Castro, engenheira agrônoma e sócia da Sementes Globo Rural.

Segundo Castro, outro ponto que deve ser analisado é se o capim é “dócil” o suficiente para o manejo. “Caso o capim seja de difícil manejo, o pecuarista vai encontrar entraves para conseguir aproveitar todas as qualidades que o capim tem a oferecer, vai gastar mais com adubação e pode errar mais durante o manejo. Um capim que passou do ponto de pastejo, possui menor quantidade de folhas e maior quantidade de talos, ou seja, a qualidade cai drasticamente”.

A agrônoma sugere, ainda, que o pecuarista observe bem as condições de degradação do solo. “Em um pasto degradado ou em vias de degradação, não se consegue atingir a máxima capacidade de lotação e isso reflete na diminuição da quantidade de arrobas produzidas por hectare”, explica.

Esse giro de dinheiro, influenciado pela alta da arroba do boi, é importante para a movimentação e dinâmica da economia, gerando melhorias ao setor pecuário, mas é preciso planejamento e boa condução da atividade, colocando tudo na ponta do lápis e analisando se é uma pecuária lucrativa ou só por amor.

Fonte: Ana Borges

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Por: Luís Celso News

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